Princípios de Aprendizagem
A A A
imprimir

A corporeidade

Segundo Assmann (1998, p. 150), o termo corporeidade

“pretende expressar um conceito pós-dualista do organismo vivo. Tenta superar as polarizações semânticas contrapostas (corpo/alma; matéria/espírito; cérebro/mente). Nesse caso, não é um mero sinônimo de corporalidade (se há o corporal, deve haver o não-corporal). [...] O conceito de corporeidade está a serviço de temas urgentes como: a aprendizagem como processo corporal...”

Ainda segundo esse Autor, “sem uma filosofia do corpo, que perpasse tudo na educação, qualquer teoria da mente, da inteligência, do ser humano global, enfim, é falaciosa de entrada”6.

Em outras palavras, isso significa que o sujeito aprende com o corpo todo, não só com o cérebro. O homem é razão e emoção, “é um ser biológico, cultural, psicológico, social, emocional..., enfim, é um ser multidimensional, um ser complexo, isto é, ao mesmo tempo unidade e multiplicidade em sua condição humana inacabada e desconhecida” de que fala Morin (1991, p. 71).

É esse, portanto, o homem cujas dimensões devem ser consideradas durante o processo de ensino-aprendizagem. É esse o homem/aluno que vocês devem considerar antes de elaborarem seus projetos.

Neste momento, é interessante lembrar as palavras de Restreppo (1998) quando ele se expressa em relação ao ensino tradicional, dizendo que se a escola pudesse dar uma ordem como esta, diria a seus alunos que viessem para a sala de aula somente com seus pares de olhos e ouvidos e, talvez, com a mão na atitude de anotar alguma coisa, deixando o resto do corpo bem guardado em casa. Lembrem-se: o fato de a escola ter agido e continuar agindo de determinada forma não impede que essa ação seja questionada. Resumidamente, é importante ter clareza que a questão epistemológica é de fundamental importância para o educador, pois a prática pedagógica fundamenta-se em uma proposta epistêmica. Em outras palavras, o professor atua em sala de aula segundo suas crenças acerca do processo de conhecimento.

Assim, se um professor crê que o conhecimento acontece por transmissão de conhecimentos, do cérebro do professor para o do aluno, a pedagogia adotada será a tradicional. Entretanto, se acredita que o conhecimento seja construído mediante a mediação do professor, considerando-se o já sabido pelo aluno, suas possibilidades de intervenção no processo de construção do conhecimento, suas dimensões existenciais, etc, estará exercendo uma pedagogia que possibilitará uma interferência positiva no processo de aprendência, abrangendo a participação efetiva do aluno.

Nesse sentido, é importante refletirmos sobre nossa prática pedagógica considerando os avanços científicos que possam refletir na área da educação, de modo que possamos escolher a direção que queremos dar ao nosso trabalho.

Ainda, não podemos perder de vista que é necessário conhecer os avanços científicos, mas que eles devem servir de referencial, não conclusivo ou estanque, para uma educação que possa projetar-se para além do nosso tempo. Nesse caminho, é importante o questionamento permanente.

Para finalizar esse tema, nada mais pertinente que mais alguns questionamentos:

Afinal, o que é aprender? Como ocorre o processo de construção do conhecimento? Qual a melhor abordagem? Os alunos devem aprender o quê? Aprender para quê? Aprender a partir de que estratégias? Aprender com a utilização de que instrumentos e de que técnicas? Aprender onde? Aprender quando? Aprender em que ritmo?Aprender com quem? O que pode/deve fazer o docente?

Neste momento, creio que vocês concordam comigo que este tópico merece uma discussão mais aprofundada. Na tentativa de responder/ou problematizar ainda mais as questões acima, vamos ao fórum de discussões!