Indicadores
de Qualidade para Cursos de Graduação
a Distância
Considerações
Gerais
A
educação a distância vem crescendo
rapidamente em todo o mundo. Incentivados pelas
possibilidades decorrentes das novas Tecnologias
da Informação e das Comunicações
-TIC, cada vez mais cidadãos e instituições
vêem nessa forma de educação
um meio de democratizar o acesso ao conhecimento
e de expandir oportunidades de aprendizagem ao longo
da vida.
Há,
nacional e internacionalmente, um grande debate
sobre qual a terminologia mais apropriada, já
que, com os inúmeros recursos tecnológicos,
reduzem-se distâncias e fronteiras e torna-se
enorme a diversidade de arranjos e combinações
possíveis.
Assim,
para efeito desses indicadores, considera-se que
a diferença básica entre educação
presencial e a distância está no fato
de que, nesta, o aluno tem acesso ao conhecimento
e desenvolve hábitos, habilidades e atitudes
relativos ao estudo, à profissão e
à sua própria vida, no tempo e local
que lhe são adequados, não com a ajuda
em tempo integral da aula de um professor, mas com
a mediação de professores (orientadores
ou tutores), atuando ora a distância, ora
em presença e com o apoio de materiais didáticos
sistematicamente organizados, apresentados em diferentes
suportes de informação, utilizados
isoladamente ou combinados, e veiculados através
dos diversos meios de comunicação
(conforme o Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro
de 1998, que regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional).
O
desafio de educar e educar-se a distância
é grande, por isso o Ministério da
Educação estabelece indicadores de
qualidade para a autorização de cursos
de graduação a distância.
Seu objetivo é orientar alunos, professores,
técnicos e gestores de instituições
de ensino superior que podem usufruir dessa forma
de educação ainda pouco explorada
no Brasil e empenhar-se por maior qualidade em seus
processos e produtos.
A
base principal das práticas de qualidade
nos projetos e processos de educação
superior é garantir continuamente melhorias
na criação, aperfeiçoamento,
divulgação de conhecimentos culturais,
científicos, tecnológicos e profissionais
que contribuam para superar os problemas regionais,
nacionais e internacionais e para o desenvolvimento
sustentável dos seres humanos, sem exclusões,
nas comunidades e ambientes em que vivem.
Espera-se
que essa base de qualidade apresente-se também
em Cursos de Graduação a Distância
para o que, os indicadores sugeridos a seguir -
dentre outros - podem colaborar.
Muitas
vezes o leitor achará que um indicador já
está subentendido em um item anterior. De
fato, todos eles se articulam harmonicamente, de
sorte que a falha em um pode comprometer o bom desenvolvimento
do todo. Daí ser necessário que a
instituição adote uma abordagem global
na construção de seu projeto.
Outras
vezes, os indicadores se assemelham ao que se exige
para os cursos presenciais. Isto é fato e
reflete uma visão de que, com mais ou menos
presença em uma sala-de-aula, o que importa
para o cidadão e para a sociedade brasileira
é ter uma formação pautada
em inquestionável padrão de qualidade.
II.
Indicadores de Qualidade de Cursos de Graduação
a Distância
Os indicadores aqui sugeridos não têm
força de lei, mas servirão para orientar
as Instituições e as Comissões
de Especialistas que forem analisar projetos de
cursos de graduação a distância.
O princípio-mestre é o de que não
se trata apenas de tecnologia ou de informação:
o fundamento da graduação é
a educação da pessoa para a vida e
o mundo do trabalho.
São dez os itens básicos que devem
merecer a atenção das instituições
que preparam seus programas de graduação
a distância:
1.
integração com políticas, diretrizes
e padrões de qualidade definidos para o ensino
superior como um todo e para o curso específico;
2.
desenho do projeto: a identidade da educação
a distância;
3.
equipe profissional multidisciplinar;
4.
comunicação/interatividade entre professor
e aluno;
5.
qualidade dos recursos educacionais;
6.
infra-estrutura de apoio;
7.
avaliação de qualidade contínua
e abrangente;
8.
convênios e parcerias;
9.
edital e informações sobre o curso
de graduação a distância;
10.
custos de implementação e manutenção
da graduação a distância.
Além
desses aspectos, a Instituição proponente
poderá acrescentar outros mais específicos
e que atendam a particularidades de sua organização
e necessidades sócio-culturais de sua clientela,
cidade, região.
1.
INTEGRAÇÃO COM POLÍTICAS, DIRETRIZES
E PADRÕES DE QUALIDADE DEFINIDOS PARA O ENSINO
SUPERIOR COMO UM TODO E PARA O CURSO ESPECIFICO
Um dos objetivos centrais da educação
superior é “formar diplomados nas diferentes
áreas do conhecimento, aptos para a inserção
em setores profissionais, e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar
na sua formação contínua”.
(Lei 9.394/96, art. 43, II)
Assim,
um curso de graduação a distância,
inserido nos propósitos da educação
superior do país, com ela entrelaça
seus objetivos, conteúdos, currículos,
estudos e reflexão. Portanto, deve oferecer
ao aluno referenciais teórico-práticos
que colaborem na aquisição de competências
cognitivas, habilidades e atitudes e que promovam
o seu pleno desenvolvimento como pessoa, o exercício
da cidadania e a qualificação para
o trabalho. Ou seja, um diploma de ensino superior
recebido por um curso feito a distância deve
ter o mesmo valor que um realizado de forma presencial.
A graduação a distância, portanto,
não se confunde com um curso supletivo de
ensino fundamental ou médio a distância.
Embora
tendo uma identidade própria, o desenho de
um programa a distância, tendo como finalidade
a oferta de educação superior de qualidade,
certamente contribuirá para a melhoria dos
cursos presenciais.
Tendo
em vista as considerações anteriores,
uma instituição que deseje ofertar
graduação a distância com qualidade
deverá:
·
Conhecer a legislação sobre educação
a distância e todos os instrumentos legais
que regem o ensino superior, em especial os das
áreas escolhidas;
· atender às orientações
do Conselho Nacional de Educação-
CNE e aos padrões de qualidade traçados
pela SESu/MEC para cada curso superior, respeitando
objetivos, diretrizes curriculares nacionais, critérios
de avaliação, perfil do profissional,
dentre outros, além de explicitar a flexibilização
da carga horária e do período previsto
para integralização do currículo;
· considerar também sugestões
das entidades de classe, conforme a área
do curso proposto;
· somente começar a oferta da graduação
com o parecer do Conselho Nacional de Educação
- CNE, homologado pelo Ministro da Educação
(o projeto deve dar entrada na Secretaria de Educação
Superior/ MEC para ser avaliado por uma equipe de
especialistas na área e em educação
a distância; segue, então, com informe
técnico-pedagógico, para o CNE que
emite parecer de credenciamento da instituição
e autorização do curso. Esse parecer
deve ser homologado pelo Ministro da Educação);
· participar das avaliações
nacionais dos cursos superiores de graduação;
· respeitar as exigências que a Lei
9.394/96 estabelece para ingresso no ensino superior:
classificação em processo seletivo
e conclusão do ensino médio ou equivalente
(artigo 44, inciso II).
2. DESENHO DO PROJETO: A IDENTIDADE DA EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA
Programas, cursos, disciplinas ou mesmo conteúdos
oferecidos a distância exigem administração,
desenho, lógica, linguagem, acompanhamento,
avaliação, recursos técnicos,
tecnológicos e pedagógicos, que não
são mera transposição do presencial.
Ou seja, a educação a distância
tem sua identidade própria.
Uma
referência fundamental é a natureza
do curso aliada às características
da clientela. De fato, o uso das novas tecnologias
da informação e das comunicações
pode tornar mais fácil e eficaz a superação
das distâncias, mais intensa e efetiva a interação
professor-aluno, mais educativo o processo de ensino-aprendizagem,
mais verdadeira e veloz a conquista de autonomia
pelo aluno. Nem sempre, porém, será
possível sua utilização, dadas
as possibilidades de acesso da clientela (alunos
sem linhas telefônicas, computadores etc...)
.
Programas
a distância podem, portanto, apresentar diferentes
desenhos e múltiplas combinações
de linguagens e recursos educacionais e tecnológicos,
respeitando sempre o fato de que não podem
abrir mão da qualidade em todo o processo.
Cabe,
pois, à instituição:
· estabelecer as bases filosóficas
e pedagógicas de seu programa a distância;
· iniciar a oferta somente quando tiver testado
sua capacidade de atender tanto às atividades
comuns quanto resolver questões contingenciais,
de forma a garantir continuidade e o padrão
de qualidade estabelecido para o curso;
· distribuir responsabilidades de administração,
gerência e operacionalização
do sistema a distância;
· identificar características e situação
dos alunos potenciais;
· preparar seus recursos humanos para o desenho
de um projeto que encontre o aluno onde ele estiver,
oferecendo-lhe todas as possibilidades de acompanhamento,
tutoria e avaliação, permitindo-lhe
elaborar conhecimentos/saberes, adquirir hábitos,
habilidades e atitudes, de acordo com suas possibilidades;
· analisar o potencial de cada meio de comunicação
e informação (impressos, televisão,
Internet, teleconferência, computador, rádio,
fitas de audiocassete, videocassete, momentos presenciais,
dentre outros), compatibilizando-os com a natureza
do curso de graduação a distância
que deseja oferecer e as características
de seus alunos;
· pré-testar materiais didáticos
e recursos tecnológicos a serem usados no
programa, oferecendo manuais de orientação
aos alunos;
· providenciar suporte pedagógico,
técnico e tecnológico aos alunos e
aos professores/tutores e técnicos envolvidos
no projeto, durante todo o desenrolar do curso,
de forma a assegurar a qualidade no processo;
· apresentar aos alunos o cronograma completo
do curso, cumprindo-o para garantir a tranqüilidade
durante o processo;
· prever os espaços para estágios
supervisionados determinados pela legislação,
oferecer a estrutura adequada aos professores responsáveis
por esse exercício, inclusive considerando
alunos fora da sede, garantindo momentos privilegiados
de articulação teoria-prática;
· preparar plano de contingência para
que não falte ao aluno o suporte necessário;
· comprometer-se formalmente ante os alunos
a, em caso de descontinuidade do programa, motivada
pela própria instituição, assegurar-lhes
as condições/certificações
necessárias para que possam pedir aproveitamento
de estudos em outro estabelecimento ou programa.
3. EQUIPE PROFISSIONAL MULTIDISCIPLINAR
É engano considerar que programas a distância
podem dispensar o trabalho e a mediação
do professor. Nos cursos de graduação
a distância, os professores vêem suas
funções se expandirem. Segundo Authier
(1998), “são produtores quando elaboram
suas propostas de cursos; conselheiros, quando acompanham
os alunos; parceiros, quando constróem com
os especialistas em tecnologia abordagens inovadoras
de aprendizagem”. Portanto, são muito
mais que simples “tutores” como tradicional
e de forma reduzida os professores-orientadores
que atuam a distância vêm sendo denominados.
A
denominação professor-orientador,
professor ou tutor, entretanto, para esse profissional
de cursos de graduação a distância,
é uma decisão da instituição.
Há quem prefira a última para enfatizar
a responsabilidade individual entre aquele que orienta
e seu orientando. Outros optam pela primeira para
destacar não apenas “acompanhamentos”
individuais de alunos e sim a responsabilidade coletiva
de compartilhamento, pesquisa e parceria educacional
com outros professores, comunicadores e alunos na
criação e reflexão democrática
sobre cultura, ciência, tecnologia e trabalho
a serviço da humanização e
da superação de problemas do mundo
presente.
A
instituição que oferece graduação
a distância, além dos professores especialistas
nas disciplinas ofertadas e parceiros no coletivo
do trabalho político-pedagógico do
curso, deve contar com as parcerias de profissionais
das diferentes TIC, conforme a proposta do curso
e ainda:
· dispor de educadores capazes de:
a) estabelecer os fundamentos teóricos do
projeto,
b) selecionar e preparar todo o conteúdo
curricular articulado a procedimentos e atividades
pedagógicas,
c) identificar os objetivos referentes a competências
cognitivas, habilidades e atitudes,
d) definir bibliografia, videografia, iconografia,
audiografia etc., básicas e complementares,
e) elaborar textos para programas a distância,
f) apreciar avaliativamente o material didático
antes e depois de ser impresso, videogravado, audiogravado,
etc, indicando correções e aperfeiçoamentos;
g) motivar, orientar, acompanhar e avaliar os alunos,
h) auto-avaliar-se continuamente como profissional
participante do coletivo de um projeto de graduação
a distância;
· apresentar currículo e documentos
necessários que comprovem a qualificação
dos diretores, coordenadores, professores, tutores,
comunicadores, pesquisadores e outros profissionais
integrantes da equipe multidisciplinar responsável
pela concepção, tecnologia, produção,
marketing, suporte tecnológico e avaliação
decorrentes dos processos de ensino e aprendizagem
a distância;
· considerar, na carga horária de
trabalho dos professores, o tempo necessário
para atividades de planejamento e acompanhamento
das atividades específicas de um programa
de educação a distância;
· indicar a política da instituição
para capacitação e atualização
permanente dos profissionais contratados.
4.
COMUNICAÇÃO/INTERATIVIDADE ENTRE PROFESSOR
E ALUNO
O aluno é sempre o foco de um programa educacional
e um dos pilares para garantir a qualidade de um
curso de graduação a distância
é a interação entre professores
e alunos, hoje enormemente facilitada pelo avanço
das TIC.
A relação via correio, sozinha, típica
dos cursos por correspondência antigos, não
mais reflete o estágio atual de desenvolvimento
tecnológico no campo da comunicação.
Assim, para atender às exigências de
qualidade do processo pedagógico atual -
salvo em algum caso muito específico, de
aluno que resida em local isolado e sob condições
muito peculiares em que sempre será admitida
esta forma de comunicação –
também devem ser oferecidas as atuais condições
de telecomunicação (telefone, fax,
correio eletrônico, teleconferência,
fórum de debate em rede, etc...).
Junto
com a interação professor-aluno, a
relação entre colegas de curso, mesmo
a distância, é uma prática muito
valiosa, capaz de contribuir para evitar o isolamento
e manter um processo instigante, motivador de aprendizagem,
facilitador de interdisciplinaridade e de adoção
de atitudes de respeito e de solidariedade ao outro.
Sempre
que necessário, os cursos de graduação
a distância devem prever momentos presenciais.
Sua freqüência deve ser determinada pela
natureza da área do curso oferecido. O encontro
presencial no início do processo, é
importante para que os alunos conheçam professores,
técnicos de apoio e seus colegas, facilitando,
assim, contatos futuros a distância.
Para
assegurar a comunicação/interatividade
professor-aluno, a instituição deverá:
· apresentar como se dará a interação
entre alunos e professores, ao longo do curso de
graduação a distância e a forma
de apoio logístico a ambos;
· quantificar o número de professores/hora
disponíveis para os atendimentos requeridos
pelos alunos;
· informar a previsão dos momentos
presenciais planejados para o curso e qual a estratégia
a ser usada;
· informar aos alunos, desde o início
do curso, nomes, horários, formas e números
para contato com professores e pessoal de apoio;
· informar locais e datas de provas e datas-limite
para as diferentes atividades (matrícula,
recuperação e outras);
· garantir que os estudantes tenham sua evolução
e dificuldades regularmente monitoradas e que recebam
respostas rápidas a suas perguntas bem como
incentivos e orientação quanto ao
progresso nos estudos;
· assegurar flexibilidade no atendimento
ao aluno, oferecendo horários ampliados e/ou
plantões de atendimento;
· dispor de centros ou núcleos de
atendimento ao aluno –próprios ou conveniados
- inclusive para encontros presenciais;
· valer-se de modalidades comunicacionais
sincrônicas como teleconferências, chats
na Internet, fax, telefones, rádio para promover
a interação em tempo real entre docentes
e alunos;
· facilitar a interação entre
alunos, sugerindo procedimentos e atividades, abrindo
sites e espaços que incentivem a comunicação
entre colegas de curso;
· acompanhar os profissionais que atuam fora
da sede, assegurando aos alunos o mesmo padrão
de qualidade;
· orientar todos os profissionais envolvidos
no programa e organizar os materiais educacionais
de modo a atender sempre o aluno, mas também
a promover autonomia para aprender e para controlar
o próprio desenvolvimento;
· abrir espaço para uma representação
de estudantes que estudam a distância, de
modo a receber feedback e aperfeiçoar os
processos.
5. QUALIDADE DOS RECURSOS EDUCACIONAIS
A experiência com cursos presenciais não
é suficiente para assegurar a qualidade da
produção de materiais adequados aos
meios de comunicação e informação.
A produção de material impresso, vídeos,
programas televisivos, radiofônicos, videoconferências,
páginas Web atende a uma outra lógica
de concepção, de produção,
de linguagem, de estudo e controle de tempo, devendo
sempre traduzir a concepção e o currículo
do curso de graduação e possibilitar
o alcance dos objetivos desejados e inseridos na
cultura e educação do nosso país.
Com
o avanço e disseminação das
TIC, de informação e o progressivo
barateamento dos equipamentos, as instituições
podem elaborar seus cursos de graduação
a distância baseadas não só
em material impresso mas, na medida do possível,
também em material sonoro, visual, audiovisual,
incluindo os informatizados.
Assim,
na construção de um programa de graduação
a distância é necessário:
· considerar que a convergência e integração
entre materiais impressos, radiofônicos, televisivos,
de informática, de teleconferências,
dentre outros, acrescida da mediação
dos professores - em momentos presenciais e não
- criam ambientes de aprendizagem ricos e flexíveis;
· incluir no material educacional guia -
impresso e/ou disponível na rede Internet
– que:
a) oriente o aluno quanto às características
da educação a distância e quanto
a direitos, deveres e atitudes de estudo a serem
adotadas,
b) informe sobre o curso escolhido,
c) esclareça como se dará a interação
com professores e colegas,
d) apresente cronograma e o sistema de acompanhamento,
avaliação e todas as demais orientações
que lhe darão segurança durante o
processo educacional.
· informar, de maneira clara e precisa, que
meios de comunicação e informação
serão colocados à disposição
do aluno (livros-textos, cadernos de atividades,
leituras complementares, roteiros, obras de referência,
Web-sites, vídeos, ou seja, um conjunto -
impresso e/ou disponível na rede - que se
articula com outros meios de comunicação
e informação para garantir flexibilidade
e diversidade);
· detalhar nos materiais educacionais que
competências cognitivas, habilidades e atitudes
o aluno deverá alcançar ao fim de
cada unidade, módulo, disciplina, oferecendo-lhe
oportunidades sistemáticas de auto-avaliação;
· definir critérios de avaliação
de qualidade dos materiais;
· estimar o tempo que o correio leva para
entregar o material educacional e considerar esse
prazo para evitar que o aluno se atrase ou fique
impedido de estudar, comprometend
· o sua aprendizagem;
· dispor de esquemas alternativos mais velozes
para casos eventuais;
· respeitar, na preparação
de material, aspectos relativos à questão
de direitos autorais, da ética, da estética,
da relação forma-conteúdo;
· considerar que a educação
a distância pode levar a uma centralização
na disseminação do conhecimento e,
portanto, na elaboração do material
educacional, abrir espaço para que o estudante
reflita sobre sua própria realidade, possibilitando
contribuições de qualidade educacional,
cultural e prática ao aluno;
· associar os materiais comunicacionais entre
si e a módulos/unidades de estudos/séries,
indicando como o conjunto desses materiais se interrelaciona,
de modo a promover a interdisciplinaridade e a evitar
uma proposta fragmentada e descontextualizada do
programa.
6.
INFRA-ESTRUTURA DE APOIO
Além de mobilizar recursos humanos e educacionais,
um curso de graduação a distância
exige a montagem de infra-estrutura material proporcional
ao número de alunos, aos recursos tecnológicos
envolvidos e à extensão de território
a ser alcançada, o que representa um significativo
investimento para a instituição.
A
infra-estrutura material refere-se aos equipamentos
de televisão, videocassetes, audiocassetes,
fotografias, impressoras, linhas telefônicas,
inclusive dedicadas para Internet e serviços
0800, fax, equipamentos para produção
audiovisual e para videoconferência, computadores
ligados em rede e/ou stand alone e outros, dependendo
da proposta do curso.
Fique-se
atento ao fato de que um curso a distância
não exime a instituição de
dispor de centros de documentação
e informação ou midiatecas (que articulam
bibliotecas, videotecas, audiotecas, hemerotecas
e infotecas etc.) para prover suporte a alunos e
professores.
Compõem, ainda, a infra-estrutura material
de um curso a distância os núcleos
para atendimento ao aluno, inclusive em cidades
e pólos que estejam distantes da sede da
instituição.
Destaque-se
que esses núcleos ou centros devem ser adequadamente
equipados para que os alunos distantes da sede tenham
a mesma qualidade de atendimento que aqueles que
residem perto e podem beneficiar-se eventualmente
da infra-estrutura física da instituição.
Na
construção de um programa de graduação
a distância, a instituição deverá:
· indicar e quantificar os equipamentos necessários
para instrumentalizar o processo pedagógico
e a relação proporcional aluno/meio
de comunicação
· dispor de acervo atualizado, amplo e representativo
de livros e periódicos, acervo de imagens,
áudio, vídeos, sites na Internet,
à disposição de alunos e professores;
· adotar procedimentos que garantam o atendimento
a cada aluno, independente do local onde ele esteja
(por exemplo: confeccionar embalagens especiais
para entrega e devolução segura dos
livros, periódicos e materiais didáticos);
· definir onde serão feitas as atividades
práticas em laboratórios e os estágios
supervisionados, inclusive para alunos fora da localidade,
sempre que a natureza e currículo do curso
exigir;
· oferecer, sempre que possível, laboratórios,
bibliotecas e museus virtuais bem como os muitos
recursos que a informática torna disponível;
· organizar e manter os serviços básicos,
como:
a) cadastro de alunos e de professores;
b) serviços de controle de distribuição
de material e de avaliações;
c) serviço de registros de resultados de
todas as avaliações e atividades realizadas
pelo aluno, prevendo-se, inclusive recuperação
e a possibilidade de certificações
parciais;
d) serviço de manutenção dos
recursos tecnológicos envolvidos
· designar pessoal de apoio para momentos
presenciais e de provas,
· selecionar pessoal dos centros ou núcleos
para atendimento ao aluno, inclusive os que ficam
fora da sede.
7.
AVALIAÇÃO DE QUALIDADE CONTÍNUA
E ABRANGENTE
Cursos de graduação a distância,
pelo seu caráter diferenciado e pelos desafios
que enfrentam, devem ser acompanhados e avaliados
em todos os seus aspectos, de forma sistemática,
contínua e abrangente.
Duas
dimensões devem ser contempladas na proposta
de avaliação: (1) a que diz respeito
ao aluno e (2) a que se refere ao curso como um
todo, incluindo os profissionais que nele atuam.
Na educação a distância, o modelo
de avaliação da aprendizagem do aluno
deve considerar seu ritmo e ajudá-lo a desenvolver
graus ascendentes de competências cognitivas,
habilidades e atitudes, possibilitando-lhe alcançar
os objetivos propostos, conforme estabelecido no
item 1 deste documento.
Mais
que uma formalidade legal, a avaliação
deve permitir ao aluno sentir-se seguro quanto aos
resultados que vai alcançando no processo
ensino-aprendizagem. A avaliação do
aluno feita pelo professor deve somar-se à
auto-avaliação, que auxilia o estudante
a tornar-se mais autônomo, responsável,
crítico, capaz de desenvolver sua independência
intelectual.
A
avaliação responsável é
fundamental para que o diploma conferido seja legitimado
pela sociedade.
Reconhecendo na avaliação um dos aspectos
fundamentais para a qualidade de um curso de graduação,
a instituição deve:
· estabelecer o processo de seleção
dos alunos;
· informar, quando houver, a existência
de um módulo introdutório –
obrigatório ou facultativo - que leve ao
domínio de conhecimentos e habilidades básicos,
referente à tecnologia utilizada e/ou ao
conteúdo programático do curso, assegurando
a todos um ponto de partida comum;
· definir como será feita a avaliação
da aprendizagem do aluno, tanto durante o curso
(avaliação no processo) como nas avaliações
finais;
· definir como será feita a recuperação
de estudos e as avaliações decorrentes
dessa recuperação;
· considerar a possibilidade de aceleração
de estudos (artigo 47, parágrafo 2º
da Lei 9.394/96) e a forma de avaliação,
caso haja implicações no período
de integralização e no cronograma
estabelecidos a priori pela instituição;
· considerar como será feita a avaliação
de alunos que têm ritmo de aprendizagem diferenciado
e a possibilidade de avaliar as competências
e conhecimentos adquiridos em outras oportunidades;
· tornar públicas todas as informações
referentes às avaliações desde
o início do processo, para que o aluno não
seja surpreendido;
· tomar todas as precauções
para garantir sigilo e segurança nas avaliações
finais, zelando pela confiabilidade dos resultados;
· desenhar um processo contínuo de
avaliação quanto:
a) à aprendizagem dos alunos
b) às práticas educacionais dos professores
orientadores ou tutores;
c) ao material didático (seu aspecto científico,
cultural, ético e estético, didático-pedagógico,
motivacional, de adequação aos alunos
e às TIC e informação utilizadas,
a capacidade de comunicação, dentre
outros) e às ações dos centros
de documentação e informação
(midiatecas);
d) ao currículo (sua estrutura, organização,
encadeamento lógico, relevância, contextualização,
período de integralização,
dentre outros);
e) ao sistema de orientação docente
ou tutoria (capacidade de comunicação
através de meios eficientes; de atendimento
aos alunos em momentos a distância e presenciais;
orientação aos estudantes; avaliação
do desempenho dos alunos; avaliação
de desempenho como professor; papel dos núcleos
de atendimento; desenvolvimento de pesquisas e acompanhamento
do estágio, quando houver);
f) à infra-estrutura material que dá
suporte tecnológico, científico e
instrumental ao curso;
g) ao modelo de educação superior
e de curso de graduação a distância
adotado (uma soma dos itens anteriores combinada
com análise do fluxo dos alunos, tempo de
integralização do curso, interatividade,
evasão, atitudes e outros);
h) à realização de convênios
e parcerias com outras instituições;
i) à meta-avaliação (um exame
crítico do processo de avaliação
utilizado: seja do desempenho dos alunos, seja do
desenvolvimento do curso como um todo).
· considerar as vantagens de uma avaliação
externa.
8.
CONVÊNIOS E PARCERIAS
Implantar um curso de graduação a
distância exige alto investimento em profissionais,
conhecimento, material didático, infra-estrutura
tecnológica e serviços de apoio e
manutenção dos mesmos, inclusive descentralizada,
para centros ou núcleos de atendimento.
Assim,
na fase inicial, e mesmo na seqüência,
pode ser aconselhável a celebração
de convênios, parcerias e acordos técnicos
com e entre universidades, instituições
de ensino superior, secretarias de educação,
empresas privadas e outros, de forma a garantir
elevado padrão de qualidade ao curso e legitimidade
ao diploma oferecido.
Na
implantação de uma graduação
a distância, a instituição:
· poderá celebrar convênios,
parcerias e acordos, identificando qual o papel
de cada conveniado ou parceiro no projeto;
· deverá orientar instituições
estrangeiras com as quais eventualmente estabeleça
parceria quanto ao processo de credenciamento e
autorização de curso e demais aspectos
da legislação brasileira, visto que
esta é a que prevalece nas relações
contratuais entre instituição-aluno
e é a instituição nacional
que responde perante as autoridades constituídas,
devendo ficar explícito que a responsabilidade
e direção do processo cabe a esta;
· deverá informar a instituição
responsável pela certificação
do curso;
· deverá comprovar, em caso de acordo
internacional, de que a tecnologia utilizada seja
passível de absorção pela instituição
nacional, buscando-se a independência tecnológica.
9.
EDITAL E INFORMAÇÕES SOBRE O CURSO
DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA
Para muitos alunos, parece ser fácil estudar
a distância. Na verdade não é.
Estudar a distância exige perseverança,
autonomia, capacidade de organizar o próprio
tempo, domínio de leitura, interpretação
e, eventualmente, de tecnologia.
Taxas
de evasão elevadas muitas vezes são
decorrentes da falta de informação
e são prejudiciais tanto para os alunos como
para as instituições que oferecem
cursos.
Toda
a publicidade e o edital de um curso de graduação
a distância têm uma função
importante de esclarecimento à população
interessada e devem:
· informar os documentos legais que autorizam
o funcionamento do curso;
· estabelecer direitos que confere e deveres
que serão exigidos:
a) pré-requisitos para ingresso;
b) número ideal de horas que o aluno deve
dedicar por dia/semana aos estudos;
c) tempo limite para completar o curso;
d) necessidade de deslocamentos para provas, estágios
ou laboratórios e locais onde serão
realizadas;
e) preço e condições de pagamento;
f) quais os custos cobertos pela mensalidade e que
outros custos os alunos deverão arcar durante
o programa (tais como deslocamentos para participação
em momentos presenciais, provas, estágios,
etc)
g) materiais e meios de comunicação
e informação e outros recursos que
estarão disponíveis aos alunos;
h) no caso de cursos on line, indicar as características
mínimas que o equipamento do aluno deve ter;
i) modos de interação e de comunicação
oferecidos para contato com o professor orientador
ou tutor;
j) condições para interromper temporariamente
os estudos;
k) informações sobre como poderá
ser abreviada a duração do curso,
para alunos que tenham demonstrado extraordinário
aproveitamento nos estudos, conforme prevê
o artigo 47, parágrafo 2º da Lei 9.394/96.
10. CUSTOS DE IMPLEMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO
DA GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA
O investimento – em profissionais, materiais
educacionais, equipamentos, tempo, conhecimento
- em educação a distância é
alto e deve ser cuidadosamente planejado e projetado
de modo a que um curso não tenha que ser
interrompido antes de finalizado, prejudicando a
instituição e, principalmente, os
estudantes.
Para
que uma graduação a distância
possa ser ofertada com elevado grau de qualidade,
a instituição deverá:
· desenvolver uma projeção
de custos e de receitas realista, levando em consideração
o tempo de duração do programa, todos
os processos necessários à implementação
do curso e uma estimativa de evasão;
· considerar os processos de recuperação
e aceleração de estudos e as avaliações
extraordinárias – se houver –
e seu impacto na previsão de receitas;
· considerar a necessidade de revisão
e reedição de materiais didáticos
e de reposição, manutenção
e atualização de tecnologia e outros
recursos educacionais;
· prever os gastos e investimentos na sede
e nos centros e núcleos fora da localidade;
· divulgar qual a política e procedimentos
a serem adotados pela instituição
em caso de evasão elevada, de modo a garantir
a qualidade do curso para os alunos que permanecem
no processo;
BIBLIOGRAFIA:
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In Apprendre à distance. Le Monde de L’Éducation,
de la Culture et de la Formation – Hors-série
– France, Septembre, 1998.
CASTRO
NEVES, Carmen Moreira de. Critérios de Qualidade
para a Educação a Distância.
In Tecnologia Educacional – ABT: Rio de Janeiro
– v. 26, no. 141, abr/jun, 1998.
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